Introdução aos Relatos de um Depressivo

No coração de uma floresta isolada, Ana compartilha seus relatos de uma infância marcada por desafios e descobertas. Em seu refúgio, ela encontra um espaço para refletir sobre seus sentimentos e vivências, revelando nuances de sua luta contra a depressão. Este blog é uma jornada emocional através dos olhos de Ana, que procura entender o que a infância lhe ensinou e como isso influenciou seu presente.

As Lembranças da Infância

Fevereiro de 1989 em uma casa no meio da floresta com rios, cacimbões e várias espécies de animais como cobras cascavéis, jararacas e corais ao redor da enorme casa, nasce Ana. Seus pais já tinham 8 filhos quando ela nasceu, sem contar com os outros 3 que faleceram antes mesmo de começar a vida! Segundo sua mãe, duas das 3 que faleceram, morreram porque não tinha nada para comer, ela tinha até dado elas para adoção, mas se arrependeu e foi buscar elas de volta- talvez elas estivessem vivas hoje, quem sabe.

A casa em que Ana vivia na infância era enorme, mas não tinha quase nada, só algumas redes, panelas de barro e alguns pratos. Não tinha agua encanada, não tinha luz, não tinha moveis ou televisão, ou seja, quase nada. Ana lembra de caçar animais na floresta com seus irmãos para sobreviver, ela ate lembra de ir para escola, mas não sabia ler ou escrever. Teve uma época que sua mãe adoeceu, mas não foi doença física, ela não sabe explicar bem o que aconteceu, ela só lembra que sua mãe dizia: ,, tem alguém me enforcando e eu não consigo respirar direito´´. Todos olhavam a sua volta e não viam ninguém ! Sua mãe até tentou resolver o problema indo para a igreja, mas não via melhora, até que sua irmã que morava em outra cidade, disse que conhecia uma senhora que poderia ajudar, então eles viajaram até lá, Ana, sua mãe e seu pai. Ao chegar lá, Ana relata que sua tia pediu imediatamente que Ana ficasse morando com ela, mas Ana não quis, pois era muita apegada ao seu pai e não queria viver longe dele.

A noite, sua mãe levou Ana até a casa da tal senhora que poderia ajudar sua mãe. Ana percebeu na hora que não se tratava de médico ou igreja, mas sim de ajuda espiritual. Ana ficou esperando na sala e não sabe muito bem o que aconteceu lá dentro do quarto, segundo relatos de sua mãe , a perturbação que ela vinha sofrendo tinha haver com uma conhecida que tinha falecido com magoa dela, então ela pediu perdão e desde então nunca mais sentiu nada. Ana, no entanto sempre percebeu que tinha algo a mais com sua mãe , era como se ela não estivesse sozinha, mas talvez fosse só impressão de Ana.

O pai de Ana sempre teve problemas com álcool e cigarro. No início ele bebia mais nos finais de semana, mas chegou uma época em que ele se entregou total. Ana lembra que não gostava de viver na floresta, ela tinha medo da casa, tinham muitas cobras e quando chovia muito, as cobras ficavam dependuradas no telhado, um dos irmãos de Ana as pegava e devolvia a natureza.

Um dia seus pais decidiram ir viver próximo da cidade, Ana ficou extremamente feliz, ela só não imaginava o que estava por vir. Seu pai passou a beber todos os dias, as brigas em casa aumentaram a tal ponto, que Ana começou a temer que acontecesse alguma tragedia entre pai e filho, pois tinha um irmão que não queria aceitar a forma como seu pai tratava sua mãe. Como muitos sabem, crescer em um ambiente destrutivo para uma criança não é apropriado, mas tem muitas situações que não dá para escolher, além disso, não existe fiscalização infantil nas cidades pequenas, pelo menos não naquela época. Ana era muito apegada ao seu pai e por mais que ele não fosse um bom marido para sua mãe, ela nunca conseguiu odiar ele. Ela diz: ,,Nossos erros são causados por falta de amor’’. Por hoje é só- depois volto e continuo com a história e vamos descobrir como a depressão de Ana começou! Segundo Ana, ela percebe hoje que a depressão já vem da infância. Como assim da infância? É possível mesmo uma criança sofrer de depressão ?